sexta-feira, 28 de março de 2008

História que surge das cinzas

Todo jornalista, para fazer um bom trabalho precisa saber contar histórias. E John Hersey fez isso com maestria ao escrever Hiroshima, uma grande reportagem que inaugurou o gênero Jornalismo literário e ganhou forma de livro. Hersey usa de todo profissionalismo e sensibilidade para contar, através do relato de seis sobreviventes da bomba atômica, como a explosão afetou a vida daquela cidade e como foram capazes de reconstruí-la.

Publicada no Brasil em 2002 pela Companhia das Letras e traduzida por Hildegard Feist, a obra, considerada pelos críticos a melhor reportagem do século XX, emociona sem escandalizar, mergulha na vida das personagens sem ser sensacionalista.

Convidado por Harold Ross e William Shaw, fundador e editor da revista The New Yorker, John Hersey esteve no Japão de 25 de maio a 12 de junho de 1946, quando o bombardeio estava próximo de completar um ano. Durante esses 19 dias ele fez muito mais do que colher dados. Conheceu histórias e pessoas incríveis, capazes de ensinar, apenas com as próprias experiências, como o uso de uma arma de guerra pode mudar tudo, para sempre.

E dentre os 100 mil sobreviventes da tragédia os escolhidos pelo autor para contar essa comovente história foram Kiyoshi Tanimoto, pastor da Igreja Metodista de Hiroshima; Hatsuyo Nakamura, viúva de um alfaiate que morrera naquela mesma guerra; Masakazu Fujii, médico e proprietário de uma clínica particular; Wilhelm Kleinsorge, padre jesuíta alemão; Terufumi Sasaki, jovem médico que trabalhava no hospital da Cruz Vermelha e Toshiko Sasaki, funcionária da Fundição de Estanho do Leste da Ásia.

O livro começa com a detalhada descrição do que cada uma dessas seis pessoas estava fazendo quando a bomba explodiu, na manhã de seis de agosto de 1945. Segue num ritmo paralisante e sem que o leitor queira tirar os olhos do livro, fala dos instantes seguintes, da dor, do espanto diante de algo jamais visto e a princípio sem explicação sobre como foi possível acontecer.

Hersey, com todo seu detalhismo nos envolve de tal forma que acabamos por sofrer junto, torcendo pelos personagens, que muito mais do que protagonistas da obra são seres humanos, testemunhas de um dos episódios mais tristes da História da humanidade. O autor também explica como se deu a reconstrução da cidade e das vidas das pessoas. As doenças e os ferimentos que resistiam, mesmo depois de meses do bombardeio. A ocupação americana e toda a resignação do povo japonês ao aceitar os fatos e seguir em frente, sem demonstrar revolta. Tudo cercado da objetividade de um repórter que aos 32 anos já havia conquistado o Prêmio Pulitzer de ficção ao lançar o livro A Bell for Adano, em 1945. Sem deixar de lado a magia envolvente da literatura, que nos transporta direto ao palco dos acontecimentos, com sutileza e encanto.

E em 1985 John Hersey volta a Hiroshima para acrescentar um novo capítulo ao livro, em que conta o que aconteceu àqueles seis sobreviventes, 40 anos depois do lançamento da bomba atômica.

Sem dúvida alguma o título de melhor reportagem do século XX é justo. Pois Hiroshima é muito mais que um texto bem escrito. Envolve, informa, emociona e nos faz pensar no quanto o ser humano se julga poderoso por conseguir criar armas de destruição. No entanto, esquece que tem muito mais poder aquele que é capaz de se reerguer das cinzas e tornar o mundo a sua volta ainda mais belo.

Vanessa Reis

Bem-vindos ao Literatura da Realidade

Este blog está sendo produzido na disciplina de Jornalismo Online I e vai tratar de Jornalismo Literário.
Aqui você poderá encontrar resenhas de obras que seguem esta temática, bem como textos sobre o assunto e reportagens que seguem essa linha.
Espero que gostem! Boa leitura.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Teste

Testando novo layout...
Alô, alô...

Era uma vez, numa aula de Jornalismo Online I... A turma já sabia que cada um ia produzir um blog, mas o pessoal sempre deixa pra última hora, né? Aquela promessa de "durante as férias eu escolho o assunto e o layout. Quando as aulas começarem, vai estar tudo adiantado", ficou esquecida, abandonada. Jogada às traças mesmo, diante do enstusiasmo de tantas emoções nessas inesquecíveis férias de verão...

Agora, 'bora' trabalhar!