sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Sangue Frio



Sucesso para sempre

A crueldade humana vista pela ótica de um jornalista excêntrico e perspicaz no fim dos anos 50. O nascimento de um novo modo de escrever. O choque entre dois mundos totalmente distintos através de um crime bárbaro. Os números mais frios e as impressões mais cruas de quem esteve envolvido com a história de quatro assassinatos que mexeram com a história de um povo habituado a viver em paz.

Isto é A Sangue Frio, de Truman Capote. Obra que marcou época e tornou-se sinônimo de jornalismo literário. Publicado em 1965, o livro conta a história de Herbert, Bonnie, Kenyon e Nancy Clutter, – família que vivia em Holcomb, Kansas, Estados Unidos – e seus assassinos, Perry Smith e Dick Hikcock.

Muito mais que resultado de entrevistas e pesquisas, o romance de não-ficção criado por Capote é fruto de um envolvimento pessoal do autor com os (ainda) sobreviventes da história; os assassinos.

Determinado a conhecer todos os eventos que resultaram na fatídica noite de 15 de novembro de 1959 (data da chacina), Capote conquistou a amizade dos dois criminosos e os tratou de forma humana, sem por isso esconder nenhum detalhe do crime brutal e todos os seus pormenores. O modo como cada vítima foi abordada e morta e como os corpos foram encontrados; tudo está descrito no livro. Um verdadeiro soco no estômago para aqueles leitores que nunca viram de perto tantas faces de um crime.

As reações de uma comunidade pacífica como a da pequena cidade de Holcomb, os obstáculos da investigação policial, os problemas do sistema judicial americano e a trajetória de vida de cada assassino são descritas com toda espécie de detalhes. Capote explora todo seu potencial jornalístico ao descrever como repórter os fatos mais sombrios e aterradores. Ao mesmo tempo, mexe com emoções profundas e temores comuns a grande parte dos seres humanos.

Assim, após a execução dos assassinos o autor enfim encerra sua obra. Sucesso instantâneo na revista The New Yorker, aclamado por todos e transformado em filme no ano de 2005, sob a direção de Bennett Miller. Uma obra para ser vista, sim, mas principalmente para ser lida.

Vanessa Reis

Nenhum comentário: